Review Private Practice (2.17) – Wait and See
O que aconteceu com esse episódio de Private Practice? Depois do incrível crossover da semana passada, Shonda Rhimes simplesmente resolveu retroceder e nos dar um pouco de tudo aquilo que já estávamos cansados de ver na série? A sorte é que a resolução de todos os conflitos do episódio foram satisfatórias o bastante para relevarmos às meia hora anteriores de enrolação.
Comecemos rapidamente citando um pequeno gancho que ficou aberto ainda em Grey’s: quando Addison faz a cesariana de um bebê prematuro da paciente de Derek,ela pede que Karev informe ao Dr. Freedman (Cooper) que há um bebê a caminho da clínica. Bem, o bebê não apareceu em Private Practice, como eu esperava que apareceria, fazendo a frase soar ridícula, apenas para forçar uma ligação que não mais existe entre as séries.
De qualquer forma, outro bebê nasceu nesse episódio, um bebê hermafrodita. O que eu não gostei dessa história foi que ficou óbvio demais que o pai da criança iria forçar a barra para querer um filho homem, que Addison não iria realizar a cirurgia e que finalmente o homem iria abandonar sua família – apenas para voltar antes que do episódio acabar –, depois de incríveis e realmente dramáticas histórias, o máximo que conseguimos ganhar nesse episódio foi um caso mais que clichê? E não digam que apenas por ser um bebê hermafrodita a história é diferente, pois não foi exatamente a mesma atitude tomada por esse pai a daqueles pais adotivos do bebê que tinha deficiência respiratória? E aquele filho que não aceitava que a mãe era lésbica? É a mesma trajetória de ação se repetindo mais uma vez: primeiro o choque, depois a negação, a fuga, e, por fim, a reconciliação devido a influência de algum personagem da trama. Private Practice merece mais que clichês, Shonda Rhimes já provou que pode fazer melhor que isso.
Peter foi jogado de escanteio, ganhando uma história que me remeteu aqueles casos bizarros que ele ganhou na primeira temporada, sempre com um tom cômico que destoava do trabalho mais sério levado pelos outros médicos da clínica. O ponto positivo foi que na verdade o tom cômico escondia algo muito mais dramático – sua paciente estava tentando tratamentos alternativos para um câncer –, por isso que sua história não foi de todo ruim, mas não ter deixado claro o que aquela mulher de fato fazia com Peter em seu consultório desde o início foi negativo, ao meu ver, pois contribuiu para que olhássemos para a paciente despreocupados, quando uma carga dramática muito maior poderia ser tirada da história.
Violet e Sheldon decidiram coordenar uma terapia de casal em grupo, porém para mim a história aborrecida só serviu para querer mais ainda que o filho dela seja de Peter, e não de Sheldon. Há muito mais química entre Violet e Peter que Violet e Sheldon, espero que Rhimes não me desaponte – e talvez desaponte vocês – quanto a resolução desse mistério.
Cooper e Charlotte continuaram brincando de gato e rato, só que depois de vários episódios apenas brigando um com o outro pela mesma razão (Violet), chegou o momento em que eu me vi olhando para a tela e dizendo: chega! Ver Charlotte implorando há três episódios para que Cooper a escolhesse ao invés de Violet é uma atitude que não condiz com sua personalidade orgulhosa e seca. Porém podemos relevar isso, já que sabemos que Charlotte é realmente apaixonada por Cooper – e todos sabem que o amor pode mudar tudo em uma pessoa. Apesar dos pesares, o final foi gratificante, com Cooper dizendo tudo aquilo que nós mesmos estávamos loucos para dizer para Charlotte, aliás, que cena maravilhosa, a melhor do episódio, com os dois magoados, decepcionados, mas mesmo assim, dispostos a confiarem um no outro uma outra vez. Sem dúvida a melhor performance masculina do episódio foi Paul Adelstein.
Por fim chegamos a pior história do episódio inteiro: Archer. Quer dizer que depois de aprendermos a gostar de Archer aos pouquinhos, até nos fazendo sentir pena do galinha no episódio passado, Shonda Rhimes resolve jogar tudo para o alto e transformá-lo novamente num babaca apenas com o pretexto de tirá-lo da série? Francamente, que decepção. Tudo bem que eu adorei a cena em que Addison se abre para Naomi, seu monólogo sobre querer acreditar que as pessoas podem mudar quando na verdade não podem foi um pouco pessimista demais, porém a carga dramática que Kate Walsh colocou na personagem durante todo o episódio nos fez ver, nos olhos de Addison, o alívio que ela estava sentindo por tirar aquele grande peso (o segredo da traição do irmão) dos ombros.
Desde sua primeira aparição, Grant Show sempre foi descrito como uma mera participação especial ao programa, porém fazer ela terminar dessa maneira só nos faz perceber o quanto essa história toda sobre parasitas no cérebro e redenção do personagem foi inútil e desnecessário. Começo a pensar que o personagem só voltou ao show porque o ator que fazia Wyatt saiu de supetão por estar envolvido em uma nova comédia (Better off Ted) da emissora de Private. Como substituto entrou Archer, uma pena que sua saída não tenha sido planejada tão bem quanto sua chegada, uma pena.
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