Review Dexter (Terceira Temporada) – Do you take Dexter Morgan?
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Review Dexter (Terceira Temporada) – Do you take Dexter Morgan?

 

Se existe uma série que eu espero o ano inteiro para poder assistir é Dexter – mas Lost também, claro. Então, quando a terceira temporada começou, com o ótimo episódio em que Dex mata o irmão de Miguel Prado acidentalmente, ou, como ele disse, espontaneamente, a promessa de uma temporada cheia de ação – como foi a segunda – foi estabelecida. Porém o que vimos nos episódios seguintes, foi muita pouca ação e mais uma abordagem introspectiva do nosso herói, que passou a questionar o valor do Código ensinado por seu pai Harry – que não era o santo que ele e sua irmã pintavam –, assim como passou a ter conversas imaginárias com ele, em que discutiam temas importantes como a paternidade, confiança e amizade – todos temas em uma área pouco conhecida de Dexter.

 

Dessa forma, muita gente começou a achar a temporada lenta, chata e sem sal. Concordo que para quem veio de uma fantástica e agitada segunda temporada, a terceira ficou bem aquém do que esperávamos. Porém não diria que a série piorou, pois passar alguns minutos dentro da mente de Dexter, descobrir seus dilemas, aprender como ele lida com situações novas, nunca é um desperdício, sem falar que Dexter tem um ótimo senso de humor, o que sempre torna tudo muito mais fácil. Mas quem teve paciência e soube aguardar foi recompensado no final, pois Miguel Prado, que a princípio surgiu como um inocente novo, e talvez único, amigo de Dexter, se mostrou um inimigo a altura do Ice Truck Killer, Doakes e de Lila, todos personagens que descobriram a verdadeira natureza de Dexter, eram pessoalmente ligados a ele, e que colocaram Dex na difícil posição entre escolher se eles deveriam viver ou morrer.

 

 

No caso de Miguel, a decisão era muito mais complicada, além do fato de ele ser um famoso promotor público, portanto sumir com ele do dia para a noite chamaria a atenção, Miguel foi o primeiro aluno de Dexter, o primeiro que realmente chamou a atenção de nosso serial killer, e o fez acreditar que era possível compartilhar seu terrível segredo se essa outra pessoa jogasse o seu jogo e seguisse o seu Código. É lógico que Dexter foi um pouco ingênuo, pois ele só é fiel ao Código devido a grande influência de Harry em sua vida, já Miguel não tinha ninguém a quem se apegar, e de certa forma o mesmo aconteceu com Dexter, pois ao tentar ignorar a presença de seu pai em sua maneira de agir, ele saiu em busca de outra pessoa, que poderia lhe servir de exemplo a ser seguido, e no começo da temporada, essa figura era Miguel Prado – famoso, influente, fiel amigo e bom marido. Miguel representava a figura pública que Dexter sempre lutou para conseguir ser.

 

Porém a partir do momento em que Miguel quebrou seu Código e matou a inocente Ellen Wolf, percebemos que ele também teria um fim trágico, pois Dexter não poderia deixar sua criação cometer crimes que abominava. Ao transgredir as regras, Miguel se encaixou no padrão das vítimas de Dexter, e facilitou que este pudesse tomar sua decisão final de matá-lo – ao contrário de Doakes, por exemplo, que apesar de também saber toda a verdade sobre Dex, não poderia ser morto por ele, pois Doakes não se encaixava no Código de Harry.

 

 

Mas apesar de sua morte, Miguel deixou um pequeno problema para Dexter, o Skinner, que o perseguiu por acreditar que ele pudesse lhe dizer do paradeiro de Freebo. É interessante notar que todos os problemas que o Miami Metro teve que enfrentar nessa temporada foram mais uma vez causados ou ligados a Dexter, e, mais uma vez, tudo foi resolvido com suas próprias mãos, indicando que apesar dos momentos inesperados, Dexter tem tudo sobre controle, sempre. Em Do You Take Dexter Morgan? (3.12), vimos a resolução de todos esses pequenos problemas, o Skinner pode ter tido uma morte simples, porém o diálogo entre ele e Dex, que estava amarrado em uma mesa, como uma de suas próprias vítimas, fez valer toda a cena. Outra resolução que pode ter incomodado um pouco alguns foi o conflito entre Dexter e Ramon Prado, que acreditava, com razão, que Dexter foi o responsável pela morte do irmão. Sua conversa com Dexter no presídio, nos mostrou como este amadureceu durante a trama. De questionador da conduta de seu pai, Dexter passou a perdoar o que Harry fez de errado e reconhecer o que ele fez de bom, conselhos repassados a Ramon, em uma resolução brilhante de um conflito que não exigia nenhum tipo de violência para desaparecer, e que nos mostrou, mais uma vez, o grande talento de Michael C. Hall ao interpretar Dexter.

 

 

Um parênteses deve ser aberto para comentar um pouco sobre os outros personagens coadjuvantes da série, que nunca antes ganharam tamanho espaço e importância na trama. Debra sem dúvida foi a que ganhou mais espaço, pela primeira vez ela não precisou da ajuda de Dexter para resolver um crime sozinha, e recebeu, com louvor, seu distintivo de Detetive do Distrito. Finalmente a personagem parece ter saído de uma maré de azar, e terminou a temporada ao lado de Anton, primeiro relacionamento sólido, e que pode ter futuro, desde o trágico noivado com o Ice Truck Killer na primeira temporada. O mesmo não pode ser dito de Laguerta, que perdeu três amigos em um espaço de tempo tão curto: Doakes, Ellen e Miguel; resta saber como ela irá lidar com todas essas perdas que tiveram ligação direta com seu trabalho. Também teremos que esperar mais um ano inteiro para descobrirmos mais sobre os novos personagens, Anton, Quinn e Gianna, pois com tantas coisas acontecendo no enredo, tivemos pouco tempo para descobrir mais sobre eles.

 

Acredito que tudo o que aconteceu com Dexter nessa temporada foi necessário para que o personagem pudesse amadurecer para tomar decisões difíceis, mas que não poderiam ser adiadas por muito tempo, como a de se casar e viver ao lado de Rita, ou a de ser pai. A cena final, em que dança com Rita em seu casamento, também nos indica uma direção muito segura dos roteiristas em quererem humanizar o personagem cada vez mais. Eu não gostaria que isso acontecesse, mas não cabe a mim decidir. Ao fim da segunda temporada, pensei que nada mais poderia ser contado sobre Dexter, e estava errada, agora penso da mesma maneira: por mim, a série poderia terminar aqui. Mas espero ser surpreendida mais uma vez por essa equipe de roteiristas fantástica que faz de Dexter um dos melhores dramas no ar atualmente. Yes, I do take Dexter Morgan, que venham mais temporadas!

 

P.S.: Desculpas pelo tamanho do texto, mas já que Dexter acabou ficando de fora de nossos reviews, quis dar uma visão geral do que foi essa terceira temporada.

 

 

Postado em: Chuck



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